segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Chegada de locomotiva histórica é recepcionada com fogos


A chegada da Catita nº 3 ao Rio Grande do Norte, no início da tarde deste sábado (11), foi saudada por uma queima de fogos discreta e um público não muito grande, mas bastante interessado em sua história. 

Uma dos primeiras locomotivas a vapor a cruzar o solo potiguar e a única que sobrou para contar a história das estradas de ferro que rasgaram o Estado na virada do século 19 para o 20, a Catita nº 3 estava encostada há 39 anos no Museu do Trem em Recife, sem receber os devidos cuidados, e retornou ao RN após uma luta encampada há 11 anos pelo Instituto dos Amigos doPatrimônio Histórico e Artístico Cultural e da Cidadania (IAPHACC).


Para recepcionar a locomotiva, o presidente do IAPHACC, Ricardo da Silva Tersuliano, convidou o Clube de Carros Antigos de Natal, o Jipe Clube do RN, representantes da Federação dos Motociclistas do RN e ferroviários, que se concentram a partir das 13h na frente da Igreja Católica de Parnamirim, na Avenida Castor Vieira Regis, e seguiam em carreata, saindo às 15h, pelas principais vias de Natal até as Rocas.
 
Na verdade, segundo Tersuliano, a locomotiva chegou em Natal ainda ontem (10) a noite e ficou guardada na garagem do Grupo Duarte, que além de ceder gratuitamente a carreta para o transporte, também fez a higienização da Catita nº 3. "O empresário Alexandre Duarte foi muito sensível a essa causa", registrou o presidente do IAPHACC.

Para o presidente do Clube dos Carros Antigos, Eriberto Gomes, o retono da locomotiva é tão importante que ele e parte dos membros do clube deixaram de participar do Encontro Norte-Nordeste de Carros Antigos, em Gravatá, para receber a Catita nº 3. "Esse é um acontecimento importantíssimo para Natal, cidade carente de história e de museus".      

A devolução da Catita nº 3 foi determinada pelo juiz federal Janílson Bezerra de Siqueira no último dia 11 de setembro. A locomotiva será restaurada para figurar como atração principal do Museu Ferroviário, nas Rocas, cuja inauguração está prevista para maio de 2015.

O nome do museu, Manoel Tomé de Souza, é uma homenagem ao mecânico que salvou a pequena locomotiva de virar sucata no final da década de 1950, quando a Rede FerroviáriaFederal (RFFSA) resolveu substituir todas as locomotivas a vapor por máquinas a diesel.

Fabricada na Inglaterra em 1902, a Catita nº 3 chegou ao RN em 1906. Em 1916 fez a travessia inaugural na antiga ponte de ferro sobre o rio Potengi, puxando a velocidade média de 15km/h a composição que conduzia figuras importantes do cenário local, como o então governador Joaquim Ferreira Chaves, Januário Cicco, Henrique Castriciano e Juvenal Lamartine. Ainda participou da inauguração da ponte de Igapó, em 1970, antes de se aposentar definitivamente em 1975, quando seguiu para 
Pernambuco. 

“A central regional da RFFSA era no Recife, e quando viram a Catita funcionando ficaram loucos com aquela preciosidade e mandaram buscar”, disse Ricardo da Silva Tersuliano, presidente do IAPHACC. 

A locomotiva ficará sob a guarda da entidade civil em parceria com o IFRN-Cidade Alta, que está à frente da reforma da antiga oficina de trens nas Rocas, a rotunda, que irá abrigar o Museu Ferroviário.

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